Exposições Permanentes
José Rodrigues:
Fragmentos Ilha dos Amores
A exposição individual “Fragmentos Ilha dos Amores”, de José Rodrigues, que se apresenta nas galerias do claustro principal do Convento da Orada, em Monsaraz, comemora e rememora os 30 anos em que esteve patente neste mesmo local, homenageando o artista.
Esta exposição baseia-se na lírica camoniana de “Os Lusíadas”, especificamente, nos seus Cantos IX e X (Ilha dos Amores), que imprime à narrativa dos Descobrimentos Portugueses o seu aspeto mítico e edénico.
Nos fragmentos “Ilha dos Amores” – o bom-porto de um paraíso alegórico onde ancoram, merecidamente, os marinheiros portugueses após mil tormentas passadas -, José Rodrigues revisita as figuras mitológicas que caracterizam parte da sua obra dos anos 80/90 do século XX. Nos desenhos, representa-as a pastel e grafites; nas esculturas, em bronze, cria formas dicotómicas onde o polimento contrasta com a patine e a aspereza com a delicadeza. A personagem bíblica de Salomé é eleita como símbolo de desejos e afetos.
Nesta exposição, a figura feminina, sensual e misteriosa, cuja simbologia se funde na imagem da ninfa, levanta o véu da dúvida: será Dinamene, a musa dos amores de Camões perdida em ilhas distantes, a Vénus da beleza ou Salomé, a sedutora e pérfida deidade de José Rodrigues?
Um Camões esguio surge numa representação visual, que lembra o maneirismo do seu tempo. Vasco da Gama, almirante-herói, destaca-se na tela maior rodeado de nereidas; noutro desenho Tetis mostra-lhe, do alto da montanha, a Máquina do Mundo. Em ambas as figuras, José Rodrigues parece autorretratar-se. Os três protagonistas – Camões, Vasco da Gama e José Rodrigues – encontram-se num cenário utópico e epopeico, inspirado pelas musas de uma ilha distante dispersa nos nevoeiros do desejo.
Espiga Pinto:
Afetos e Memórias.
Do Alentejo de Espiga Pinto
Nascido em Vila Viçosa e falecido no Porto, José Manuel Espiga Pinto (1940-2014), um dos mais reputados artistas plásticos do século XX português, integrou a designada terceira geração modernista. Entre 1957 e 1960 realizou o bacharelato em Escultura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, tendo efetuado a sua primeira exposição individual em 1958, na Galeria Pórtico. Foi docente na Escola Industrial e Comercial de Estremoz (1960-1966) e no Instituto de Arte e Decoração – IADE (1969-1979).
Espiga Pinto cresceu num contexto matriarcal, rodeado de afetos. Este entorno influenciou-o na dedicação à representação da figura feminina.
O Convento da Orada, em Monsaraz, foi por diversas ocasiões, sítio de acolhimento de Espiga Pinto e testemunho da sua amizade com João Rosado Correia, instituidor desta Fundação. Estabeleceu-se, assim, uma simbiótica transmissão de afetos e memórias e um entrosamento da obra do artista com este lugar tão especial do seu Alentejo profundo.
A exposição patente neste auditório homenageia esses afetos, essas memórias e a excelência do trabalho de José Manuel Espiga Pinto.
Da expressão do trabalho agrícola no Alentejo, elegem-se as “Camponesas”, mulheres-coragem que abraçam os filhos e os feixes do trigo e se alinham em esculturas, telas e serigrafias, posicionando-se num enquadramento da paisagem alentejana que tão bem representam. Na sua jorna, os “Camponeses” e os seus cavalos – que puxam carros e transportam homens e haveres – sulcam a terra dura dourada pelo sol.
O apreço de Espiga Pinto pelas formas geométricas e pela a utopia dos cosmos, evidencia-se em esculturas como a “Pomba” ou nas fusões do figurativo com o geométrico, manifestadas no “Cavalo Saltando a Secção de Ouro ao Nascer do Sol”.
Ainda dentro desta temática, o desenho do pavimento em calçada de pedra da Praça e Embaixada de Portugal em Brasília é exibido através de uma reprodução de um painel de fotografias, existente no Convento da Orada.
Moedas, medalhas e rótulos serigrafados, como os que foram realizados para a coleção “A Arte do Vinho”, da Adega Cooperativa de Borba, atestam o trabalho multifacetado do artista.
Dos reflexos da escultura para o domínio público apresentam-se o estudo/maquete para o “Mapa da Memória Inicial” e uma escultura para a Administração do Porto de Lisboa.
Evidenciando-se num pórtico majestático encimado pela Roda da Vida, a “Memória” de uma Inez escultórica e escultural, rainha póstuma de um amor desfortunado, difunde a sua beleza mítica que, eternamente, se ligará ao mais belo romance da História de Portugal.
Nesta exposição, a figura feminina, sensual e misteriosa, cuja simbologia se funde na imagem da ninfa, levanta o véu da dúvida: será Dinamene, a musa dos amores de Camões perdida em ilhas distantes, a Vénus da beleza ou Salomé, a sedutora e pérfida deidade de José Rodrigues?
Um Camões esguio surge numa representação visual, que lembra o maneirismo do seu tempo. Vasco da Gama, almirante-herói, destaca-se na tela maior rodeado de nereidas; noutro desenho Tetis mostra-lhe, do alto da montanha, a Máquina do Mundo. Em ambas as figuras, José Rodrigues parece autorretratar-se. Os três protagonistas – Camões, Vasco da Gama e José Rodrigues – encontram-se num cenário utópico e epopeico, inspirado pelas musas de uma ilha distante dispersa nos nevoeiros do desejo.