História do Convento
Majestoso, o Convento da Orada impõe-se numa paisagem deslumbrante e singular, que alia a bela vila-fortaleza de Monsaraz ao cromeleque do Xerez – testemunho de tempos imemoriais – e à candura de uma planície alentejana banhada pelas águas do Alqueva.


Com uma longínqua história de presença humana, o Lugar da Orada – lugar de oração – encerra distintas épocas que se sobrepõem no espaço e no tempo. De uma possível época visigótica permanecem vestígios, junto à fachada da base da tapada fronteira ao Convento. No século XIII, com a construção de uma ermida, o sítio consagrava-se.
Um século mais tarde (século XIV), conforme ditam diversas fontes, D. Nuno Álvares Pereira terá rezado entre combates contra os Castelhanos. Fervoroso devoto de Nossa Senhora da Orada, o Condestável Santo aqui fundou uma igreja, em seu nome.
Objeto de variadas alterações ao longo do tempo, a Igreja de Nossa Senhora da Orada, adquire feição tardo-gótica na transição entre os séculos XV e XVI, e será desta época a construção de um anexo, que se destinaria a albergar os peregrinos que percorriam a Rota de Santiago, entre Mérida e Huelva. Demolida esta igreja aquando da construção do novo convento, as suas memórias são ainda visíveis no exterior. O edifício anexo manteve-se, com nova utilização, correspondendo ao corpo lateral da igreja do Convento.


Em 1670, Frei Manuel da Conceição, fundador da Ordem dos Frades Eremitas Descalços (Agostinhos Descalços) em Portugal, terá concedido um alvará para a construção de um convento no Lugar da Orada, em Monsaraz, fixando-se nos edifícios existentes a primeira comunidade da Ordem. Em 20 de novembro de 1700, o prior Frei João Calvário, com o apoio da Casa de Bragança, terá lançado a primeira pedra iniciando-se a construção do Convento de Nossa Senhora da Orada, que inauguraria em 1741.
Refletindo o apogeu da Ordem dos Agostinhos Descalços em Portugal e seguindo a sua regra, o Convento da Orada surge imponente e, por ventura, de dimensões excessivas. Envolvido por uma cerca, o acesso exterior ao seu perímetro fazia-se através do Arco de Nossa Senhora da Guia que, ainda hoje, enquadra o templo.
Tamanha obra foi parcialmente destruída em 1755, quando o grande terramoto lhe causou danos consideráveis, dos quais ainda restam memórias.


Em 1834, com a extinção das ordens religiosas em Portugal e a anexação dos seus bens pelo Estado, o Convento da Orada e as suas propriedades foram vendidos em hasta pública a uma família de Monsaraz, que a transformou em espaço agrícola.
Em 1988, o edifício encontrava-se em avançado estado de degradação, tendo sido adquirido e restaurado pela Fundação Convento da Orada, sob o projeto do seu instituidor e primeiro presidente, o Professor Doutor Arquiteto João Rosado Correia, especialista em recuperação do Património Arquitetónico. Entre 1988 e 1993, “a actividade da Fundação centrou-se quase exclusivamente no restauro e na reabilitação do próprio espaço. Com respeito pelas técnicas tradicionais e pelo traçado do edifício, as obras de recuperação do Convento da Orada constituíram uma verdadeira escola de recuperação do património, que proporcionou a centena de alunos de licenciatura e Mestrado de Arquitectura, uma aprendizagem teórica e prática das técnicas construtivas tradicionais.”(1) A partir de 1993, abriu o recuperado Convento da Orada ao público, dando palco a diversas atividades consonantes com os propósitos da Fundação.
Mantendo a linha de atuação patenteada pelo seu instituidor, a Fundação Convento da Orada oferece presentemente aos diversos públicos, as vertentes turística, cultural e artística, ecológica, científica, pedagógica e social, promovendo a cooperação regional, transfronteiriça e internacional, bem como o desenvolvimento regional sustentável.

Correia, João Rosado, Monsaraz e o seu Termo, Fundação Convento da Orada, Lisboa, 1994.